Em defesa do binómio médico-doente

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Em defesa do binómio médico-doente 2018-04-30T18:21:59+00:00

Aceitemos o Sistema Nacional de Saúde português, desenvolvido com base em três pilares: o público, representado pelo Serviço Nacional de Saúde, o privado, exercido em clínica livre ou em organizações não estatais e o social sediado nas misericórdias ou noutras instituições de acção não lucrativa. No entanto qualquer que seja o seu posto de trabalho o clínico deve defender o Serviço Nacional de Saúde, as carreiras médicas, a qualidade técnico-científica da medicina e a humanização do acto médico.

A acção médica será mais profícua e adequada se realizada em equipa estruturada, sedimentada numa hierarquia técnica, desenhada em função de provas públicas bem codificadas, permitindo uma gestão em rede, mas aproveitando as capacidades reais dos seus elementos.

Por outro lado não deve o clínico no seu dia a dia, apenas cumprir o juramento de Hipócrates, mas estar atentos aos pareceres da Ordem dos Médicos, dos Sindicatos Médicos, das Sociedades Científicas Médicas, das Universidades ou das Instituições Hospitalares. Num mundo científico sempre em evolução a Aprendizagem ao Longo da Vida (LLL) é hoje uma obrigação ética e a recertificação para a prática clínica, uma realidade presente a curto prazo na Europa.

Convido os colegas a manterem ao longo da sua vida profissional a imagem poética, que desde a sua juventude atribuíam à arte médica. Sabemos que apesar de tudo a Medicina ainda é a última profissão romântica, a que resta com essas características no século XXI. Mas, essa visão irá ser sistematicamente tropeada por ataques movidos por diversos sectores sociais, infelizmente alavancados, tantas vezes, por interesses corporativos, nem sempre fáceis de detectar. É obrigação dos clínicos resistir a tais investidas, activa ou passivamente, mas resistir.

Carlos Ribeiro

(Médico e humanista, é médico cardiologista e professor catedrático jubilado da Faculdade de Medicina de Lisboa)